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Sohee Lee. Foto por RalphDeHaan.com |
Ok, você quer emagrecer. Quer
perder os “pneuzinhos”, quer se sentir confiante ao tirar a camisa ou ficar de
biquíni da próxima vez que for à praia, ou está sentindo que essa borda de
catupiry ao redor do umbigo não é nada saudável.
A primeira coisa sobre perda de
gordura que eu quero que você entenda é algo que já expliquei alguns posts
atrás: Muita gente confunde perda de gordura com perda de peso. Para a missão
de “ficar bem sem roupas” seu objetivo deve ser eliminar os quilos extra de
gordura e manter o que puder de massa muscular. Perder peso, em si, é uma meta
muito abrangente e perder peso, por si só, sacrificando sua massa muscular
(principalmente aqueles que tem pouca) pode ser satisfatório somente até certo
ponto (sim, você vai diminuir suas medidas, sua cintura, as roupas ficarão
folgadas, mas você não ficará com braços definidos e barriga de tanquinho se
jogar toda a sua massa muscular fora).
E o que devemos fazer?
Para uma rotina de perda de
gordura bem sucedida, eu normalmente recomendaria quatro coisas:
- Saldo energético negativo (Déficit calórico);
- Treinamento com pesos;
- Aumento da ingestão protéica;
- Flexibilidade.
Entendendo um por um:
- Saldo Energético Negativo: Esse
item é auto-explicativo. Se você ingere menos do que você gasta, seu corpo
precisará tirar energia de alguma reserva para continuar funcionando. Mais: não
importa DE ONDE a energia vem, se seu corpo precisa dela, ele irá utilizá-la e
se você fornecer menos do que ele precisa ele continuará tendo que tirar
energia de algum lugar. Não importa se você fornece energia de um carboidrato
complexo, da batata doce, ou se fornece energia de uma calda de chocolate.
Calorias são calorias. Simples assim. Uma caloria de um doce não pode magicamente
se transformar em gordura. Se seu corpo precisa dela para funcionar, ele VAI
utilizá-la, qualquer que seja a sua fonte de origem. Falaremos mais sobre isso
depois.
- Aumento da ingestão protéica: Fato número um sobre a proteína:
A sensação de saciedade causada por uma alta ingestão protéica é grande. Um
grama de proteína tem o mesmo valor em calorias que um grama de carboidrato,
mas certamente a maioria das fontes de proteína sacia muito mais do que a
maioria das fontes de carboidrato. Eu, particularmente, me sinto muito mais
cheio e demoro muito mais pra ter fome
após comer 100g de carne (cerca de 20-30g de proteína) do que após comer uma
banana ou um pão (ambos com 25g de carboidrato). Você não? :-)
Fato número dois: Em comparação
com gorduras e carboidratos, a proteína tem um efeito maior de termogênese.
Fato número três: Apesar de que
em indivíduos obesos o mais importante é buscar o déficit calórico e a alta
ingestão de proteína não é obrigatória, na medida em que o nível de gordura vai
baixando, nosso corpo começa a tentar evitar usar gordura como fonte de
energia. Falarei disso depois em um tópico dedicado, é um tema que merece
atenção, até mesmo por ser muito interessante. Basicamente, pensando de forma
evolutiva, manter baixos níveis de gordura corporal (aqueles níveis de gordura
que nós queremos alcançar para termos nossos corpos desenhados, lembra?) não é
vantajoso: gordura é a fonte de energia que nosso corpo usaria caso ficássemos
sem alimento em tempos de escassez. Se livrar dessa fonte só é vantajoso para o
corpo até certo limite. Um sujeito com um percentual de gordura de 25-30%, por
ter uma grande reserva, vai queimá-la facilmente enquanto sua massa muscular
permanece quase intacta. Por outro lado, o indivíduo que tem apenas 10% de
gordura vai encontrar muito mais dificuldade em queimá-la. Suas reservas já
estão baixas e o corpo tentará retirar energia de outras fontes. De proteínas,
por exemplo. Se sua ingestão de proteínas estiver baixa e sua disponibilidade
de aminoácidos, pequena, é possível (e provável) que seu corpo utilizará massa muscular
como fonte de energia.
- Treinamento com pesos: Vou
repetir até você cansar de ouvir. Nosso papel, durante uma rotina de perda de
gordura, é reter nossa massa muscular ao mesmo tempo em que perdemos gordura. É
prioridade mantermos nossos músculos conquistados com tanta dificuldade. E se
você quer ficar seco, não adianta cismar, uma hora ou outra seu corpo vai
tentar se livrar de parte dos músculos para, digamos assim, “balancear” a
reserva de gordura perdida. O que devemos fazer, então, se não for dar ao ele
motivos para não dispensar esses músculos? Mais ainda: de que forma indicamos
ao nosso corpo que precisamos desses músculos, se não for utilizando-os em seu
potencial máximo, para que ele sinta necessidade de “protegê-los”? E por
último: como os utilizamos em seu potencial máximo, se não for treinando com
pesos pesados? Sim, eu sei, sua mente está prestes a explodir agora. Hehe.
Resumindo a conversa, enquanto alguns autores admitem e apóiam o uso de
trabalho metabólico (por exemplo, uso de alta quantidade de repetições) durante
uma dieta hipocalórica, a grande maioria deles concorda que, para reter massa
muscular, o ideal é o estímulo através de cargas altas. Vou lhe dar três motivos
rápidos porque voltaremos a esse assunto uma outra hora: Primeiro, cargas altas
estimulam o crescimento muscular e mostram pro seu corpo que a massa muscular é
prioridade, deve ser mantida. Segundo, cargas altas são um bom “termômetro”, um
indicador de perda de performance: é muito fácil se deixar enganar pela
quantidade de repetições, mas se sua força (e consequentemente, suas cargas)
estiver diminuindo muito, significa, provavelmente, que seus músculos também
estão diminuindo. Por último, mas não menos importante, um corpo em déficit
energético tem capacidade regenerativa reduzida e, portanto, torna-se mais
fácil se machucar e mais difícil de se recuperar de um treino de alto volume. Pump ftw, bro.
- Flexibilidade: Novamente, para
ter sucesso numa rotina de perda de gordura, você deve pensar no longo prazo.
Seguir uma dieta de modelo e um treinamento de espartano por uma semana não vai
mostrar muitos resultados duradouros. Entretanto, seguir um ritmo que garanta a
sua sustentabilidade na dieta e nos treinos por um bom tempo, vai. Por isso
não adianta começar com um volume de treino que você não agüentará manter, ou
uma dieta rígida que vai lhe fazer beirar a insanidade e se tornar um ser
anti-social. Acredite, eu já estive lá e sei. Hehe. É por isso também que, quando
tentando me livrar dos quilos extra de gordura, eu começo fazendo o mínimo
possível. Deixo assim minha rotina flexível para que quando a perda de gordura
pare ou diminua, eu possa modificar alguma coisa para engatilhá-la novamente. Um dos erros mais comuns que vejo é começar
utilizando todas as armas juntas: muito aeróbico, dieta muito restrita, fortes termogênicos
etc. Quando o corpo aumentar a resistência ao treino e a homeostase tomar
conta, como você vai fazer pra continuar perdendo gordura?
Uma abordagem flexível permite
uma ocasional “fuga” da dieta ou um “refeed” programado e provê uma maneira fácil
de controlar a dieta em casos de “emergência” (o que fazer quando comer fora de
casa, quando o peito de frango acabar etc).
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Rachel Guy, foto por Stuart Watts |
Somando tudo:
Para perder gordura e reter massa
muscular, basicamente você precisa de um déficit calórico, de um aporte
suficiente de proteínas e de um treinamento com pesos, preferencialmente de
baixo volume e alta intensidade (considerando aqui intensidade como peso na
barra). Também é necessário uma abordagem flexível e sustentável à dieta, que
lhe permita se manter nela pelo tempo necessário para alcançar seu objetivo. Flexível
ao ponto de lhe permitir viver decentemente. A vida é tão curta, meu velho, tão
curta... Vale mesmo a pena se tornar um ser anti-social e deixar de viver bons
momentos com quem você gosta para ter resultados iguais ou parecidos com os que
você teria se tivesse levado uma vida “normal”? Está vindo um post sobre
abordagem flexível, mas quem não quiser esperar, procure no google pelas siglas
IIFYM e IF e seja feliz. Essas duas benditas siglas mudaram minha vida, e não é
o nome de um produto que eu estou vendendo, por incrível que pareça. Hehehe.
Para finalizar...
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Um grande abraço! :-)